quarta-feira, 22 de março de 2017

Justiça Libera destruição do Xingu na véspera do dia Mundial da Água

Ontem a desembargadora Célia Regina de Lima autorizou a mineradora Belo Sun, pertencente ao banco canadense Forbes e Manhatan, a armazenar as margens do rio Xingu um reservatório com 92 milhões de m³ de rejeitos. 
Foto: Rogério Soares

O projeto da canadense Belo Sun obteve a Licença de Instalação no dia 02 de fevereiro de 2017, mas no dia 22 de fevereiro o juiz Álvaro José da Silva Souza, da comarca de Altamira, havia suspendido a Licença por 180 dias até que a Belo Sun regularizasse a situação fundiária da região do empreendimento. 
O INCRA em audiência pública no dia 24 de fevereiro de 2016 já havia denunciado a compra de terras da Reforma Agrária por parte da mineradora canadense. 
O Instituto Socioambiental (ISA) denunciou na mesma audiência que a empresa e engenheiro responsável pelo modelamento da barragem e reservatório de rejeitos são os mesmos que fizeram o da barragem de rejeito de Fundão, que rompeu no Município de Mariana-MG no dia 05 de novembro de 2015. 
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) denunciou que o rompimento da barragem em Mariana foi um crime causado pela ganância da Samarco (Vale/BHP) que em 2014 quando o preço do ferro aumentou a empresa passou a extrair minério além da capacidade de armazenamento de rejeitos. 
Agora, segundo o MAB, há a mesma preocupação com a região do Xingu, pois segundo o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do Projeto Volta Grande a Belo Sun pretende minerar 50 toneladas de ouro em 12 anos, no entanto, no site da empresa, em inglês, a mineradora fala que a vida útil da mina será de 17 anos e com potencial de 108 toneladas de ouro. Para MAB a Belo Sun fará a mesma coisa que a Samarco, pois quando o valor da Onça de Ouro aumentar a empresa vai querer extrair as 108 toneladas de ouro em 12 anos, sendo que o reservatório de rejeito não aguentará. 
Para o Ministério Público Federal o licenciamento deveria ser realizado pelo IBAMA, pelo fato da região do possível empreendimento ser diretamente afetado pela Barragem de Belo Monte. 
Enfim, hoje é comemorado o dia mundial da água, mas os povos do Xingu não têm o que comemorar, pois a justiça brasileira e Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS) liberaram a continuidade da destruição da Volta Grande do Xingu, e se a ganância do Capitalismo levar a mais um crime de rompimento de barragem de rejeitos, cerca de 600km dos rios Xingu e Amazonas serão atingidos diretamente além das famílias dos vários municípios que estão localizados nesse percurso.